A não-monogamia é uma tradição milenar em algumas culturas. Em outras, é um conceito relativamente recente, mas uma coisa é certa: você já deve ter ouvido falar no termo trisal.
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O nome é autoexplicativo: um trisal é um relacionamento romântico entre três pessoas. Não se trata de um relacionamento aberto (um tipo de relação na qual o casal se envolve sexualmente e/ou emocionalmente com outras pessoas) e muito menos de um ménage à trois (sexo a três): um trisal é uma relação comprometida, equilibrada e consensual entre três adultos.
Mesmo que esse conceito soe estranho, a psicóloga Ann Rosen Specto explica à “Women’s Health”, de onde são as informações, que não há nada de novo ou anormal sobre ele. “É totalmente possível se apaixonar por mais de uma pessoa de uma vez”, declara.
Não existe fórmula certa para um trisal — além de envolver três pessoas
Ann revela que a maioria dos trisais que conheceu eram originalmente pessoas casadas ou em um relacionamento longo que escolheram adicionar uma terceira pessoa à relação, mas isso não é regra.
Além disso, os trisais podem ser constituídos por pessoas de quaisquer gêneros e orientação sexual — rótulos não são importantes.
Há vantagens…
Algumas vezes, um trisal pode começar com fins exclusivamente sexuais e então evoluir para um relacionamento com sentimentos mútuos entre as três partes. Outras vezes, duas pessoas que se amam, mas não querem estar em uma relação monogâmica, resolvem incluir uma terceira pessoa à união.
“Quando você tem uma terceira pessoa envolvida, é provável que você exponha a si mesmo e seu parceiro original a qualidades que ambos podem querer, mas não podem oferecer um ao outro”, explica Ann. “Uma terceira pessoa também pode ser um mediador quando surgem brigas entre os outros dois”, acrescenta.
Tudo isso pode tornar o relacionamento muito mais satisfatório. Assim como os casais, os trisais se amam, se exaltam, discutem, fazem sexo, moram juntos e podem até ter filhos.
… e desvantagens
A dinâmica entre três pessoas pode ser bem diferente daquela entre duas. Existe a questão dos ciúmes, que pode ocorrer quando uma pessoa sente que existe uma divisão desigual na atenção ou no comprometimento.
A melhor maneira de evitar isso é fazer com que todos expressem suas necessidades e preocupações no início do relacionamento, e que sejam honestos se e quando elas mudarem. Ann explica ainda que uma terceira pessoa pode tomar partido em uma discussão — o que pode estremecer a união.
A especialista dá algumas dicas para que o trisal mantenha a comunicação necessária para a saúde de qualquer relacionamento:
• Especificar suas necessidades: delimitar as permissões do sexo, por exemplo, é um bom ponto de partida. Duas pessoas podem manter relações sexuais, ou o sexo só pode acontecer quando os três estiverem presentes?;
• Eliminar segredos: a comunicação aberta é ainda mais importante quando há três pessoas envolvidas. Portanto, sempre converse com os dois parceiros;
• Manifestar-se sobre sentimentos: com colocações como “Não estou mais confortável tendo um trisal. Será que podemos voltar a ser só nós dois?”.
Defina seus interesses previamente
Novamente, estar em um trisal não significa necessariamente que você vai namorar quem quiser, quando quiser. “Muitas estruturas de relacionamento diferentes se enquadram na não-monogamia”, explica a terapeuta familiar Anna Dow. “Fomentar a autoconsciência em torno de qual estrutura se deseja é uma habilidade não-monogamia muitas vezes subvalorizada que pode impactar muito o sucesso dos relacionamentos das pessoas.”
Ou seja, se você quer ter um(a) parceiro(a), mas também ser livre para ver outras pessoas, uma relação aberta provavelmente faz mais sentido para você do que estar comprometida com duas pessoas ao mesmo tempo.
Limites são importantes
É importante que o trisal alinhe as expectativas e estabeleça limites no relacionamento. Às vezes, os membros optam por uma política de “silêncio”, na qual não querem saber o que os outros dois fazem. “Mas é saudável fazer acordos de relacionamento sobre se eles são polifiéis — o que significa que essa união está fechada — ou se a tríade está aberta e há comunicação entre todos os membros”, ensina a psicoterapeuta especialista em pessoas LGBTQ+, poliamorosas e etnicamente não-monogâmicas Jennifer Schneider.
Ainda existe ciúme
Segundo Jennifer, o ciúme é algo muito presente em relacionamentos, inclusive nos a três. “É uma emoção humana bastante natural”, acrescenta. Ela recomenda que os membros “observem, conversem e gerenciem” o ciúme, sendo abertos sobre ele e abordando-o em grupo.
Pode haver hierarquia
Cada caso é diferente, mas é possível que duas pessoas sejam vistas como o “casal primário”, e que a terceira pessoa seja vista como um relacionamento secundário.